Varejo de Moda em Transformação

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Dada a importância do tema, voltamos a tratar nesta coluna da transformação a que estamos assistindo no varejo de moda no Brasil e nos efeitos que isso deve causar na evolução do modelo de negócio das confecções brasileiras.

Com o consumo de roupas crescendo a um ritmo de 3,9% ao ano (em volume de peças), estamos assistindo no Brasil a uma forte expansão das redes de varejo de moda, aí incluídas as redes especializadas, como Ellus, Le Lis Blanc, Hering e outras, e lojas de departamento como C&A, Renner, Riachuelo e Marisa. Além delas, têm apresentado um ótimo desempenho na categoria vestuário os canais hipermercados e lojas de departamento não especializadas, mas que também vendem roupas, como, por exemplo, Lojas Americanas, Magazine Luiza e Pernambucanas.

De fato, um estudo regular do Iemi Inteligência de Mercado sobre os canais de varejo de moda no Brasil mostra que o crescimento do consumo, turbinado por melhor distribuição de renda, elevados níveis de emprego e maior facilidade de acesso ao crédito, tem sido capitalizado principalmente pelas redes de maior porte, que vêm apresentando uma forte expansão no mercado brasileiro nos últimos cinco anos.

As pequenas lojas independentes, por sua vez, também conhecidas como pequeno varejo multimarca, compostasde mais de 118 mil pontos de venda espalhados por praticamente todos os municípios e que historicamente sempre se posicionaram como o principal canal de venda de roupas no país, não têm se beneficiado da atual expansão da demanda interna pelo produto. Com um crescimento de apenas 7% em volume de peças nos últimos cinco anos (2008 a 2012), esse canal viu sua participação no mercado se reduzir de 42% para 37% do volume total comercializado e, embora ainda preserve sua posição como principal canal de vendas para essa categoria de produto no Brasil, já não parece que essa posição poderá ser mantida nos próximos anos.

Ainda de acordo com o estudo do Iemi, esse reduzido crescimento do varejo multimarca se deve muito à rápida expansão das lojas de redes, tanto as especializadas quanto as de departamento, que se tornam cada vez mais onipresentes em grandes centros consumidores e, mais recentemente, em cidades menores, ajudadas pelamultiplicação dosshoppingcenters em todo o país.

Cabe lembrar que quase 60% das lojas de shopping comercializam roupas e que neles se encontram hoje nada menos que 1/3de todos os pontos de venda de vestuário no país.Contudo, o elevado custo operacional de um shopping center tem inviabilizado a sobrevivência da maioria das lojas multimarcas, que se veem obrigadas a abrir mão do grande fluxo de consumidores gerados por esses centros de compra e restringir suasoperaçõesao comércio de rua.

Para agravar ainda mais a já forte concorrência das lojas multimarcas com as redes de varejo, é notável o fato de que as lojas de departamento de moda vêm adotando soluções competitivas importantes, agregando cada vez mais valor aos produtos e à experiência de compra de seus consumidores, permitindo-se trabalhar com produtos cada vez mais inovadores (fast fashion), diferenciados (coleções assinadas e licenciados) e desejados. Afinal, todos sabem muito bem que qualquer consumidor, independentemente do poder de compra, quer comprar o melhor que seu dinheiro pode pagar e que, no caso brasileiro, a nova classe média pode mais e quer mais, criando uma imensa oportunidade para o crescimento das marcas de moda. As redes de varejo especializadas em vestuário tem feito muito bem essa leitura e tem tudo para continuar a crescer bem acima do crescimento médio do mercado.

 

. Indicadores

 

  • A produção de vestuário avançou 18,3% em fevereiro, e no acumulado no ano ocorreu uma alta menor, de 12,3%, segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE. O pessoal ocupado no setor obteve uma variação positiva de apenas 0,1% no mês, embora já acumule alta de 1,6% no ano.
  • As vendas no varejo de vestuário obtiveram forte recuo de 10,8% em volumes e 10,9% em valores no mês de fevereiro e acumularam um resultado positivo no ano de 5,1% nos volumes vendidos e de 10,6% nos valores da receita gerada.
  • Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo valorizaram 0,31% em março; já no acumulado do ano, o resultado aponta uma desvalorização de 0,24%, efeito do longo período de liquidações, tradicional nos primeiros meses do ano.
  • Já as exportações brasileiras de vestuário totalizaram US$ 30,4 milhões entre janeiro e março de 2014, com queda de 6,6% sobre o mesmo período de 2013, enquanto as importações acumularam um total de US$ 802 milhões, com alta de 7,9%, elevando assim o déficit da balança comercial do setor em 8,5%.

 

Conjuntura do setor de vestuário no Brasil
1. Produção, emprego, preços (%) No mês No ano Últimos 12 meses
. Produção física (fevereiro 2014) 18,3% 12,3% -0,9%
. Emprego (fevereiro 2014) 0,1% 1,6% -2,2%
. Vendas no varejo em volumes (fevereiro 2014) -10,8% 5,1% 3,7%
. Vendas no varejo em valores (fevereiro 2014) -10,9% 10,6% 9,1%
. Preços ao consumidor (março 2014) IBGE (1) 0,31% -0,24% 4,94%
2. Comércio exterior (US$ 1.000) Jan.-mar.2013 Jan.-mar.2014 Variação (2)
. Exportação 32.524 30.391 -6,6%
. Importação 743.399 801.975 7,9%
. Saldo (exportação – importação) -710.874 -771.584 8,5%
Fontes: IBGE/Secex. Elaboração Iemi.
Notas: (1) IPCA – Índice de preços ao consumidor amplo – Brasil.
           (2) Variação de janeiro a março 2014/ janeiro a março 2013.

 

Marcelo V. Prado é sócio-diretor do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi) e membro do Comitê Têxtil da Fiesp.

 

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