Varejo de Moda em Transformação

Por Marcelo Villin Prado* para a Revista World Fashion Edição 160.

O varejo de Moda no Brasil, opera atualmente com cerca de 149 mil pontos de vendas no Brasil, quando considerados todos os principais canais de venda do varejo físico, onde se incluem as lojas especializadas e não especializadas no segmento.

Segundo dados do Painel Anual do IEMI, juntos estes canais movimentaram em 2017, R$ 220 bilhões em receitas anuais, registrando um crescimento da ordem de 8% sobre o ano anterior (2016), com a comercialização de 6,24 bilhões de peças do vestuário.

Estes números colocam o segmento de moda entre um dos principais mercados de consumo do país, atendido principalmente pelas lojas especializadas, onde se inserem as lojas independentes (não organizadas em redes), em sua grande maioria, multimarcas e que se espalham por mais de 4.500 municípios do país; as redes especializadas em determinadas linhas de produto, como lingerie, moda feminina, moda masculina, jeanswear, infantil, etc.; e as lojas departamentadas de moda, com linhas de produto para toda a família e ocasiões (exemplos: Renner, C&A, Marisa, etc.).

Dentre estes canais, o maior em volume é comercializado pelas lojas independentes (multimarcas), responsáveis pelo escoamento de 36% das peças adquiridas no varejo físico. Esta liderança, porém, não se configura no montante das receitas geradas, exercida pelas lojas de departamento de moda, com 31% do valor das vendas, e nem nos melhores preços médios do varejo, liderados pelas redes de lojas especializadas (exemplos Ellus, Le Lis Blanc, Dudalina, Hope, etc.), em sua maioria monomarcas dirigidas a públicos de maior poder de compra. Esta situação, mantém o principal canal de venda de roupas do país (as multimarcas), fora dos principais shoppings do país, simplesmente por não serem suficientemente rentáveis para os altos custos de operação destes espaços comerciais.

Além destes canais, também comercializam roupas as lojas de departamento tradicionais, estas com foco principal em eletromóveis, e os hipermercados/supermercados. Estes dois últimos, porém, são competidores orientados para produtos de baixo preço, com pouca preocupação em relação ao lançamento de coleções e a continuidade de produtos e marcas, tendo como motivação para comercializar estes produtos, a boa margem e o giro que são capazes de oferecer, frente aos demais produtos que ofertam.

Em tempos de retomada do crescimento, ainda que em ritmo aquém do desejado, os canais especializados em moda vivem uma situação de competição extremamente acirrada, com desafios que vão muito além da mera competição de preços, com uma cobrança cada vez maior em termos de ambientação de loja, atendimento e, principalmente, design, coordenação, variedade e inovação contínua de produtos, para se manterem atraentes aos olhos dos consumidores, independente do poder de compra e do perfil do público que desejam atingir.

Nos anos que precederam a crise (2007 a 2014), o varejo de moda no Brasil avançou a um ritmo médio de 9,2% ao ano (em termos nominais), garantindo um desempenho positivo a todos os seus canais de venda, embora o grande destaque tenha sido, sem dúvida, a expansão das redes de lojas especializadas, departamentadas ou não, que aproveitaram o “boom” dos shoppings centers, o apetite dos franqueados e a liquidez do mercado financeiro, para financiar sua expansão pelo Brasil, em ritmo acelerado, reduzindo pouco a pouco a participação relativa das pequenas lojas independentes, no mercado nacional.

Com a chegada da crise e a redução do mercado, nada menos que 17 mil lojas especializadas em moda fecharam as suas portas (10% do total), em sua grande maioria lojas independentes de pequeno porte, o que por si só já limita as possibilidades deste canal em reagir no curto prazo e enfrentar a expansão das redes de varejo.

A retomada do mercado de moda e os já anunciados projetos de expansão das principais redes de varejo do país, sugerem um crescimento ainda maior da participação relativa destes canais sobre o varejo multimarca, colocando um desafio ainda maior às indústrias locais, grandes ou pequenas, e aos centros de atacado tradicionais do País como o Brás, o Bom Retiro, Goiânia, Maringá, Cianorte e etc., que têm no pequeno varejo independente o seu grande canal de venda. Sem dúvida, para estas empresas, mais do que nunca é hora de rever suas estratégias de comercialização, visando garantir um caminho mais promissor para o futuro de seus negócios.

Sucesso!

 . Indicadores do Varejo de Moda – Março/18

A venda do comércio varejista de vestuário avançou em março. Em volumes físicos a alta foi de 24,6% e, em valores de venda, (+)25,0%. No acumulado do ano, entre janeiro e março, houve leve alta, (+)0,7%, nas receitas e queda de 1,6% nos volumes.

A produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, cresceu 19,5% em março, quando comparado a fevereiro de 2018. No ano, no entanto, houve queda de 3,5%.

Em relação ao comércio externo, as importações brasileiras de roupas tiveram alta de 24,9% em março, e de (+)31,7% no acumulado no ano. As exportações apresentaram forte crescimento em março frente a fevereiro, (+)53,7%, e cresceram 4,1% no acumulado do ano.

WF---Coluna-Maio-de-2018-

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