Varejo de Moda Aquece os Tambores e Atrai Importados

Por Marcelo Villin Prado* para a Revista World Fashion Edição 159.

Após dois anos bastante decepcionantes (2015 e 2016), onde o Varejo de Roupas no Brasil acumulou uma queda de 11% no número de peças comercializadas, os resultados previstos para o ano de 2017 apontam para uma importante recuperação das vendas do setor.

Dados preliminares dão conta de uma expansão acumulada perto de 8,3% sobre 2016, quase recuperando os volumes históricos registrados em 2014, ainda hoje o melhor ano do Varejo de Moda no país, com 6,5 bilhões de peças comercializadas.

O retorno ao crescimento não foi fácil, e só foi obtido graças à redução da inflação, dos juros básicos da economia, da injeção de recursos das contas inativas do FGTS, no primeiro semestre, da expansão do crédito aos consumidores e do início da recuperação dos empregos e do investimento.

Para 2018, o varejo já vem aquecendo os seus tambores, acreditando em mais um ano de crescimento nas vendas, mesmo com alguma turbulência prevista para o período das eleições gerais, a ocorrerem no segundo semestre. Previsões preliminares do IEMI para 2018 sugerem uma expansão de 6,1% nos volumes de peças a serem comercializadas pelo varejo, o que colocaria o setor de volta ao seu maior patamar de vendas, até então.

Sem dúvida, temos aqui um conjunto de fatores bastante favoráveis, não só para o varejo, mas também para a indústria confeccionista local, que depende 99% (literalmente) do consumo interno para sobreviver, e que aos poucos vai se recuperando de sua pior crise, em mais de 30 anos de estatísticas sobre o seu desempenho no país.

Se as estimativas preliminares se confirmarem, o crescimento da produção de vestuário, em 2017, deverá registrar uma expansão de 3,5% sobre 2016, em volume de peças confeccionadas, com projeção de expansão de mais 3% em 2018.

Porém, se comparados os resultados do varejo e da indústria de confecção local, embora alinhados no crescimento, verifica-se uma expressiva diferença em termos de ritmo de crescimento. Dos 8% de expansão do varejo, apenas 4% estão sendo capturados pela indústria nacional. Ou seja, boa parte dessa diferença está sendo preenchida pelos importados, que cresceram quase 60% em número de peças (dados ainda passíveis de revisão pela SECEX), em 2017, e apenas 23% em valores (dólares), o que já vai dando o tom da concorrência a ser enfrentada pelas marcas nacionais, neste ano que se inicia.

Com câmbio estável e com o consumo em recuperação, o grande varejo, os importadores independentes e a grande indústria nacional já se encontram a fazer contas em relação ao que vale a pena produzir internamente e o que vale a pena importar.

Para as indústrias locais e para o varejo formal, que sofrem com a informalidade, é hora de se unir em torno das duas principais entidades que representam o setor, a ABIT e a ABVTEX, para evitar que aproveitadores coloquem areia na recuperação do mercado local, com práticas ilícitas de comércio.

. Indicadores do Varejo de Moda – Dezembro/17

A venda do comércio varejista de vestuário avançou em dezembro. Em volumes físicos a alta foi de 84,6% e, em valores de venda, (+)86,1%. No acumulado do ano, entre janeiro e dezembro, houve alta de 10,3% nas receitas e de 7,6% nos volumes.

A produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, teve forte queda em dezembro, 41,6%%, quando comparado ao mês anterior. No ano, no entanto, mantém uma alta de 3,5%.

Em relação ao comércio externo, as importações brasileiras de roupas tiveram queda 14,5% em dezembro, porém alta de 23,3% no acumulado no ano. As exportações, por sua vez, cresceram 3,6% no mês, e 13,6% no ano.

WF---Coluna-Março-2018

 

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