O Segmento de Moda Casa Deverá Liderar a Retomada  do Consumo Pós-Pandemia

O Segmento de Moda Casa Deverá Liderar a Retomada do Consumo Pós-Pandemia

Marcelo V. Prado

Marcelo V. Prado

Sócio-diretor do IEMI – Inteligência de Mercado, e membro do Comitê Têxtil da FIESP.

Por Marcelo Villin Prado para a Revista Costura Perfeita Edição Ano XXI – N116 – Julho/Agosto 2020

Sem dúvida nenhuma, a crise gerada sobre o consumo, pela pandemia, foi extremamente cruel para o segmento de moda em geral, aí incluídos os artigos do vestuário, calçados e acessórios.

Esses setores, que respondem juntos pelo segundo maior grupo de bens de consumo das famílias brasileiras, com cerca de R$ 300 bilhões por ano (dados de 2019), sofreram o pior desempenho de vendas de todos os segmentos do varejo brasileiro, e o pior da  sua história, com uma queda próxima a 90% no último mês de abril, sobre o mesmo mês do ano anterior, quando vivemos o auge das restrições ao varejo físico.

Três grandes fatores explicam essa redução: grossa parte dos consumidores foram colocados em isolamento social (home-office, afastamento do trabalho, ou mesmo, desempregados pela crise), o que reduziu e muito a necessidade e o interesse pelo consumo de artigos de moda; a redução da renda que impactou 59% das famílias brasileiras, que se viram obrigadas a limitar suas despesas e aquisições não prioritárias; e a pouca oferta desses produtos por parte dos lojistas do segmento, em sua imensa maioria, inativos no e-commerce.   

Porém, quando olhamos o desempenho do segmento de moda casa, onde consideramos não só os artigos de cama, mesa e banho, tapetes, cortinas, almofadas, revestimentos, etc., e que juntos movimentam mais de R$ 24 bilhões por ano, observamos um desempenho bem melhor do que o dos segmentos de roupas, calçados e acessórios.

Ainda que os artigos têxteis para decoração tenham sofrido os impactos da crise, os efeitos sobre a produção e o varejo desses setores não foram na mesma proporção. As vendas desse setor nos primeiros cinco meses de 2020 apontam para uma queda de 31% no varejo, contra queda de 38% na moda, e de 28% na produção, contra 34% na moda.

Para o acumulado de 2020, comparativamente a 2019, projeções preliminares apontam para uma queda da ordem de 15% no varejo e de 14% na produção, contra 19% e 18%, respectivamente, para roupas e calçados, sempre em volumes de peças.

Pesquisa recente do IEMI junto a consumidores de todo o Brasil, em relação ao período pós-pandemia, traz resultados bem mais animadores para o segmento de moda casa, onde é nítida a disposição desses em estar mais tempo em casa, seja por conta da expansão do home-office, seja por conta dos momentos de lazer, onde muitos têm relatado um grande interesse em fazer em casa coisas que costumava fazer fora: cozinhar, receber os amigos, se exercitar, assistir filmes, etc., detrimento do hábito de frequentar bares e restaurantes, ir a academias, ao cinema e ao teatro.

E para praticarem esses novos hábitos, os consumidores reafirmam a sua motivação de investir muito mais na decoração das suas casas, para torná-las mais confortáveis, funcionais e bonitas. Sem dúvida, uma ótima notícia para as marcas de moda que já há muitos anos apostaram na linha “home” como um importante complemento do seu negócio, como é o caso da Zara, da Le Lis Blanc, da Renner (Camicado) e outras. E é na esteira desses novos hábitos, que o segmento de moda casa se coloca à frente dos demais linhas de produto, como forte candidato a liderar a retomada do mercado têxtil brasileiro, após essa crise. Se isso de fato irá se materializar, ainda teremos que aguardar para saber.

Sucesso e fiquem bem!

. Indicadores setoriais

Em maio de 2020, a indústria do vestuário, registrou alta de 19,6% nos seus volumes de produção, primeiro resultado positivo após dois meses seguidos de queda, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas já registradas. No acumulado do ano, comparado com o mesmo período de 2019, o segmento apresenta redução de 34,3% em volume de peças produzidas, enquanto nos últimos doze meses a retração foi de 12,9%.

O índice de vendas no varejo de vestuário (em volumes de peças), apresentou alta expressiva na comparação mensal, aumento de 133,8% em maio; esse resultado já é reflexo da reabertura do comércio varejista após a flexibilização do isolamento social, em muitos dos principais centros de consumo do país. Ainda assim, no acumulado do ano (janeiro a maio), o varejo de moda apresentou queda frente ao mesmo período do ano passado, da ordem de 37,5%, segundo indicadores do Termômetro IEMI. Nesse mesmo mês (maio), houve deflação de preços do vestuário no varejo da ordem de 0,58%, segundo o IPCA (IBGE), refletindo a debilidade do consumo desses produtos, no período da pandemia, mesmo com o dia das mães, a segunda maior data do ano para o varejo de moda.

Com relação ao valor das importações, no período entre janeiro e maio de 2020, houve redução de 23,6%, frente a igual período de 2019, atingindo US$ 600 milhões.

As exportações brasileiras de vestuário por sua vez, apresentaram queda de 28,3%, em dólares, quando comparado ao mesmo período do ano passado, acumulando um total de US$ 42,6 milhões, nas vendas ao exterior.

Conheça os estudos IEMI para o mercado de Cama, Mesa e Banho. Estes estudos acompanham a pesquisa completa acerca do Mercado de Artigos para Casa e o Impacto do Coronavírus na Demanda dos Brasileiros.

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