Contra celulite e até hidratante, jeans é eleito pela indústria têxtil

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Seja claro, escuro, justo ou largo, o jeans está no armário da maior parte da população brasileira. Segundo um estudo (clique aqui e conheça!) feito pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) em outubro, o segmento de jeanswear é o que mais cresceu dentre todos os artigos de vestuário produzidos no Brasil nos últimos anos, com expectativa de expansão de 3,5% em 2013.

Somente em 2012, o Brasil produziu 349,8 milhões de peças feitas a partir do denim (tecido de algodão tingido de azul na parte exterior dos fios). Com o crescimento notável, a indústria têxtil nacional voltou sua atenção para o setor e investe em maneiras de inovar as peças já tão conhecidas pelos brasileiros.

Foi pensando no potencial de consumo do jeans e em como reinventar esse clássico que a Rhodia Brasil, grupo especializado em fibras sintéticas e polímeros, desenvolveu o denim com o fio sintético Emana, que reduz os sinais da celulite e a fadiga muscular. A microfibra transforma o calor liberado pelo corpo humano em raios infravermelhos longos, que estimulam a circulação sanguínea. “Quando você faz esse estímulo, melhora a elasticidade da pele e a firmeza”, conta Renato Boaventura, diretor da Rhodia Fibras.

Para o consumidor obter a redução dos sinais da celulite, é necessário que ele utilize a peça por seis horas diárias, durante 30 dias. “A gente começou a estudar o denim porque é uma peça que você coloca de manhã e tira à noite, a frequência precisa para entregar os benefícios para o indivíduo”, diz o executivo.

Segundo Boaventura, a inovação no segmento de jeanswear é cada vez mais demandada pelo público, que antes encontrava tecnologia têxtil mais facilmente disponível apenas em produtos esportivos e nas peças de lingerie e roupa de banho. “A inovação vem buscando empregar algo a mais para o indivíduo, seja em termos de conforto ou em termos de interatividade com o corpo humano”, comenta o diretor.

A marca norte-americana Wrangler também percebeu a necessidade de fazer com que o jeans interagisse com o corpo humano e desenvolveu a linha “Denim Spa”, com propriedades hidratantes. As peças contêm manteiga de karité e óleo de semente de pêssego na composição, levando os benefícios destes elementos para a pele de quem usá-las.

Já a Invista, também produtora de fios sintéticos e polímeros, apostou na mistura do fio de elastano ®LYCRA com o denim para produzir um jeans com uma maior elasticidade. “A gente fez uma pesquisa bastante extensa no mercado brasileiro com o consumidor, para entender o que ele valoriza. De acordo com a opinião do cliente é que a gente buscou inovação para prover elasticidade, conforto, qualidade, durabilidade e caimento no jeans”, diz Newton Coelho, diretor Comercial para a América do Sul da empresa.

O desenvolvimento do novo denim também levou em consideração as mudanças no gosto do público como, por exemplo, a moda da calça skinny, mais ajustada ao corpo, para os homens. “Cada vez que a gente vai colocando o tecido mais perto do corpo, temos uma necessidade de prover uma compensação em termos de conforto, para não ficar estrangulando, como aquelas calças antigas que eram um sacrifício para os brasileiros entrarem”, conclui Coelho.

 

Bumbum perfeito

A Levi’s, conhecida mundialmente pela tradição em jeanswear, buscou no desejo das mulheres em ter um corpo em forma a inspiração para desenvolver o jeans Revel, lançado em setembro passado.

Segundo Fabiana Santana, diretora de marketing da Levi’s Brasil, a empresa norte-americana ouviu consumidoras de todas as partes do mundo, que afirmaram ter dificuldade em encontrar uma calça jeans que deixasse o corpo delas com uma imagem mais fina e “colocasse as coisas no lugar”.

A marca, então, criou a tecnologia chamada “liquid-shape” – um líquido de stretch flexível aplicado com uma tela dentro da trama do jeans e que comprime a região do culote, interior da coxa, embaixo do bumbum e a parte da frente da coxa. Além disso, a lavagem e a costura da calça criam um efeito visual que transmite a impressão de que o corpo da mulher está mais fino. “Nem sempre é tecnologia envolvida, às vezes é a própria construção da peça que já faz diferença na vida da pessoa”, conta a diretora.

Sobre a aceitação dos jeans tecnológicos pelos brasileiros, Fabiana afirma que cresce a cada dia. “A procura é instantânea. Pela mídia, ou então pelo boca a boca, as pessoas vão na loja para procurar, principalmente pelo conforto”, afirma.

 

“A tendência é tecnologia”

Para a Vicunha, uma das maiores produtoras de tecido jeans do mundo, o momento não poderia ser melhor para os fabricantes de denim investirem em inovação. Na visão da empresa, a tecnologia é uma tendência, e é necessário promover uma maior diversificação de benefícios em um único produto.

A empresa, que conta com quatro centros de produção, sendo dois no Brasil, um no Equador e outro na Argentina, lançou no início deste ano o Transforming Denim, que revela diferentes cores do algodão conforme o grau de desgaste químico dos processos de lavagem industrial, dando novas opções de criação para as confecções e marcas e, consequentemente, levando um novo tipo de estamparia para o consumidor final.

Outra aposta da companhia, com a promessa de aumentar o conforto dos fãs de jeanswear, é o Athletic Denim, com 74% de stretch na composição, fibra bastante elástica e maleável, com o forro imitando o toque do moleton.

Nem mesmo o grande volume de importação de tecidos e roupas da Ásia chega a ser uma ameaça ao bom momento do jeanswear. No ano passado, a empresa aumentou a produção de 15 milhões de metros para 20 milhões de metros anuais e abriu uma fábrica na Argentina.

 

Falta de investimento

No entanto, nem todos estão na mesma situação. De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o Brasil exportou somente US$ 10,1 milhões em “calças, jardineiras, bermudas e shorts jeans”, ou 180 toneladas, contra a importação de US$ 188 milhões dos mesmos itens, correspondentes a 9 mil toneladas.

Para o diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), José Luiz Cunha, apesar dos avanços, os investimentos em inovação têxtil ainda são muito baixos quando comparados com outros setores de transformação do País. De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em maio de 2013, apenas 1,8% das empresas do setor têxtil tinham atividade de pesquisa e desenvolvimento. Entre as confecções, essa atividade cai para 0,7% das empresas.

“A gente tem dificuldade na produção do material em si e, às vezes, o tecido está disponível, mas as empresas de transformação não têm maquinário disponível para poder trabalhar ele”, observa Cunha.

Segundo o executivo, as grandes descobertas têxteis nacionais circulam apenas entre a população com maior poder executivo, não chegando a alcançar os consumidores das grandes magazines. “A gente acaba importando vários destes produtos para poder disponibilizar, mas evidentemente que a importação não é a melhor solução”, comenta o diretor da ABVTEX.

Cunha também afirma que o fato de a indústria têxtil do País ser composta essencialmente por pequenas e médias empresas dificulta o investimento no setor, pois além dos recursos limitados, também falta formação por parte dos administradores para gerir o negócio e fazer investimentos em inovação. “Essa parte administrativa de marketing, da importância dessa inovação, ela ainda não está na consciência do industrial brasileiro”, conta.

Apesar das dificuldades, a expectativa é que o setor têxtil do País cresça 3% em 2014, segundo a ABIT. Enquanto isso, o jeans deve continuar sendo o companheiro dos brasileiros seja para o trabalho ou para o lazer, seja básico ou brilhando no escuro. (Fonte: IG –  01/02/2014)

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