Após trimestre fraco, varejo de moda revê estratégia

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Maior comprometimento da renda, queda da confiança do consumidor e onda de protestos nas ruas formaram uma combinação bastante amarga para o varejo de moda no segundo trimestre.

A soma das receitas das seis empresas listadas do setor – Renner, Hering, Marisa, Guararapes, Restoque e Arezzo – avançou apenas 9% sobre o ano passado. Trata-se de uma diminuição, pela metade, no ritmo de expansão reportado pelo mesmo grupo de varejistas no três primeiros meses do ano.

As manifestações fizeram lojas fecharem mais cedo – justamente nos horários de pico de movimento -, e derrubaram o fluxo de clientes nos shoppings. O frio ameno também não contribuiu para as vendas e, na prática, as empresas tiveram dificuldade para expandir seus ganhos. No conjunto, o lucro das varejistas ficou estável em relação a um ano antes. A Restoque continuou no prejuízo.

Há consenso, entre as empresas, de que as menores temperaturas em julho e agosto estão impulsionando a demanda. Ainda assim, as varejistas já dão como certo a continuidade de um cenário de consumo bastante duro este semestre. “O consumidor está difícil de ler”, disse o diretor financeiro da Hering, Frederico Oldani.

Após reportarem resultados fracos, Marisa e Restoque (dona da Le Lis Blanc) redefiniram suas estratégias. A Marisa abrirá 42, e não mais 51 lojas este ano. A empresa vai redirecionar os investimentos das aberturas para reformulação de lojas antigas. Sem dar detalhes, o empresário Márcio Goldfarb, presidente da Marisa, disse que também está revisando o plano de expansão da companhia para 2014.

No conceito “mesmas lojas” (abertas há mais de um ano), a Marisa não registrou expansão nas vendas do segundo trimestre. Na Restoque, as vendas “mesmas lojas” chegaram a cair 19% e o trimestre fechou com estoques historicamente altos. “Na rede Le Lis Blanc, as vendas mesmas lojas ainda estão negativas”, disse Márcio Camargo, presidente do conselho de administração da empresa.

A Restoque desistiu do projeto de abrir unidades exclusivas da recém-lançada Noir, de roupas masculinas. “Estamos assumindo um erro. Não deveríamos ter dado tanto espaço para a marca”, disse Camargo. Entre quatro ou cinco lojas da Noir serão fechadas e outras serão transformadas em unidades da bandeira John John, marca jovem do grupo Restoque. “Não queremos mais lojas com margem Ebitda abaixo de 5%”.

A Renner mantém seus planos de aberturas de curto e longo prazos. Para o presidente da companhia, José Galló, o período de “vacas gordas” ficou para trás, mas a Renner vai continuar crescendo, ainda que em menor velocidade.

Galló disse que o ambiente adverso pode ser uma oportunidade para a Renner ganhar “novos espaços”. Para o executivo, varejistas menores, menos capitalizadas ou com poucos diferenciais competitivos, estão sofrendo mais.

A Guararapes, dona da rede Riachuelo, adotou o discurso mais otimista entre as concorrentes. Com operação mais exposta ao Nordeste, onde o clima é previsível, a companhia teve alta de 6,6% nas vendas das lojas comparáveis no segundo trimestre e a empresa aposta que será ainda melhor no terceiro.

Sem a conjuntura macro jogando a favor, o crescimento das varejistas de moda fica cada vez mais dependente de aumento de participação de mercado.

No Brasil, o setor de vestuário é bastante pulverizado. As quatro maiores redes (C&A, Renner, Riachuelo e Marisa) têm fatia de apenas 10%, segundo o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi). A consultoria prevê alta (em termos nominais) de 9,2% no faturamento do setor, para R$ 172,8 bilhões este ano.

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