A Moda Infantil e o Pós-Crise

Por Marcelo Villin Prado – Artigo para a Revista Costura Perfeita Edição Ano XIX – N102 – Março/Abril 2018

O mercado de vestuário no Brasil, de uma maneira geral, como já comentamos aqui antes, se ressentiu muito com os efeitos da crise econômica que desde os primeiros meses de 2015, veio reduzindo de forma severa o poder de compra da grande maioria das famílias brasileiras e o seu interesse pelo consumo de moda, sem poupar nenhum segmento do setor, aí incluído a linha de Moda Infantil e Bebê.

Os dados do Painel de Pesquisa Anual do IEMI, mostram uma queda acumulada no período de 2015 a 2016, da ordem de 11% no varejo de moda, e de 8,5% na produção de vestuário em geral (no Brasil, em volumes de peças).

Para o segmento infantil, estes números foram um pouco mais amenos, em torno de 9% para o varejo e de 6% para a indústria.

Em 2017, com o retorno gradativo do consumo, graças à expressiva redução da inflação, dos juros e da retomada paulatina do emprego e do crédito, os diferentes segmentos do mercado de vestuário começam a consolidar a sua recuperação, com indicadores cada vez mais positivos e que devem se repetir nos próximos 3 a 4 anos, caso o conjunto de indicadores econômicos continue a melhorar.

Para as empresas que atuam no segmento de Moda Infantil e Bebê, que deve movimentar nada menos que R$ 40 bilhões no varejo brasileiro, em 2018, com um crescimento da ordem de 6,6% em valores nominais (sem considerar a inflação) e de 3,7% em volumes de peças, sem dúvida este é um momento estratégico importante e que devem, a partir de agora, “virar a página da crise” e voltar todo o seu foco para as oportunidades e desafios que este mercado passa a oferecer, com a recuperação nas vendas do produto.

É claro que quase todas as empresas, deste segmento, saem desta crise ressentidas por conta deste período difícil, onde a maioria delas deverá carregar consigo, um passivo incômodo, a acompanha-las por mais algum tempo. Ainda assim, é hora de juntar forças e buscar os melhores caminhos para ampliar o negócio e crescer mais que o mercado, já que a demanda atual, mesmo em recuperação, ainda é maior que a oferta, mantendo em níveis elevados a concorrência, mesmo que ela se torna um pouco menos predatória, a partir de agora.

Para as marcas do segmento de Moda Infantil e Bebê, que atuam com foco no varejo multimarca, onde operam mais de 46 mil pontos de venda, compostos principalmente por pequenas lojas independentes, que se espalham por quase 4.500 municípios do país, algumas oportunidades de conquista e uma maior fatia desse mercado se mostram latentes neste exato momento.

Dentre elas, é possível destacar o fato de que a grande maioria das lojas independentes, em especial as menores e mais distantes dos grandes centros, passou a maior parte da crise mal abastecidas, com recursos limitados para sair para comprar em grandes centros de atacado (como as regiões do Brás, Bom Retiro, Maringá, Cianorte, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe, Brusque e etc.), e recebendo cada vez menos visitas de representantes, eles próprios atuando de forma seletiva, em relação às cidades e aos clientes que vale a pena visitar.

Sem dúvida, neste momento em que nos aproximamos da comercialização no varejo da nova coleção Outono/Inverno 2018, onde as mães e avós já preocupadas e quase com um sentimento de culpa, pelas restrições impostos ao guarda roupa de seus filhos e netos, já se mostram bastante pré-dispostas a “reparar essa situação”, por assim dizer.

Por essas e outras, as expectativas para a próxima coleção de Moda Infantil e Bebê é de um volume de vendas bem melhor do que o observado no ano passado, apesar de estarmos observando que a elevada quantidade de lojas ainda pouco preparadas para ofertar a seus consumidores, um mix adequado de produtos, que o permita enfrentar a concorrência com seus pares.

Ao nosso ver, mais do que nunca valerá a pena contar com uma gama mais ampla de opções, composta por um mix diversificado de produtos, recheado com novidades e ofertas com uma larga amplitude de preços, de forma a garantir aos consumidores, ao mesmo tempo, itens diferenciados e atraentes, naturalmente mais caros, mas que estimulem o consumo; sem deixar de contar com uma linha robusta de básicos e casuais, a preços acessíveis, já que a demanda reprimida atual, se estende por toda a cesta de produtos do segmento.

Sucesso!!!

. Indicadores Setoriais

A produção da indústria do vestuário apresentou queda de 41,6% no mês de dezembro de 2017, quando comparado ao mês anterior. No ano, segundo a pesquisa industrial mensal do IBGE, o índice registrou uma alta acumulada de 3,5%.

O índice de vendas no varejo (volume) de vestuário registrou alta expressiva em dezembro, 84,6%. No ano, acumulou alta de 7,6%.

Segundo o IBGE, os preços do vestuário no varejo avançaram 0,84% em dezembro de 2017, acumulando uma elevação de 2,89% durante o ano.

O valor das importações voltou a crescer em 2017, registrando uma expansão de 23,3%, durante o ano em relação ao ano de, chegando a US$ 1,5 bilhão em 2017. As exportações brasileiras de vestuário, por sua vez, alcançaram US$ 139,3 milhões no ano, representando alta de 13,6% em relação a 2016, o que não deixa de ser um bom resultado para o setor, ainda que os valores ainda sejam pouco representativos em relação às dimensões da produção brasileira.

conjuntura

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